- Museu do Neo-Realismo
- O que é o Neorrealismo?
- Querubim Lapa
[Portimão – 1925 - Lisboa - 2016]
Viveu e trabalhou em Lisboa, local onde integrou, entre 1949 e 1954, cinco das dez EGAP’S realizadas no Salão da SNBA. Com 24 anos à época da sua primeira participação, apresenta um total de 29 obras bastante representativas da sua produção posterior, nas Secções de Pintura, Aguarela, Guache, Gravura e Escultura.
É em 1940 que tem um primeiro contacto com a realidade artística pluridisciplinar quando visita, fascinado, a Exposição do Mundo Português (1940). No ano seguinte, tem aulas de pintura leccionadas pelo pintor Trindade Chagas e, em 1942 matricula-se na Escola António Arroio. Logo nesse ano expõe, pela primeira vez e em conjunto com os colegas Pedro Oom e Júlio Gil, desenhos e aguarelas no Instituto de Cultura Italiana. Neste período trabalha como ajudante do escultor Martins Barata e, em 1947, após realizar a série de desenhos Mendigos, integra o curso de Escultura da ESBAL, onde é aluno de Leopoldo de Almeida.
Durante estes anos realiza uma série de desenhos de poética neo-realista, executados á pena, antiga técnica de domínio oficinal, cujo registo seguro é materializado em cores térreas e sombrias das quais sobressaem, pela expressividade do tratamento da figura humana (personagem aglutinadora desse realismo socialmente implicado), uma intencionalidade formal e uma tensão compósita que, em cenários de dramaticidade evidente, nela rigorosamente se centraliza. Profundamente orgânica a sua pintura destaca-se ainda pelo sentido icónico e profético que evolui na introdução de um tratamento progressivamente abstractizante dos signos, tantas vezes comuns a um universo mitológico.
Em 1948 colabora com Manuel Guimarães na realização de um documentário sobre a obra de Soares dos Reis, O Desterrado, para o qual molda uma série de esculturas do homenageado. Inicia um período de intensa produção desenhada, pintada e gravada, em que partilha atelier na Rua Garrett com António Ayres e Lagoa Henriques. Em 1950 estabelece-se no Porto, onde passa a frequentar a ESBAP, agora orientado pelo escultor Barata Feyo. É, porém, em Lisboa que conclui, em 1953, o Curso Especial de Escultura da ESBAL e se torna professor do Ensino Secundário.
Paralelamente à docência da disciplina de desenho, começa a actividade de ceramista em 1954 na Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego (Lisboa), onde lhe é concedido um atelier no qual passa a desenvolver painéis com os quais colabora em obras de arquitectos do pós-guerra como Chorão Ramalho (Centro Comercial do Restelo) e Conceição Silva (Armazéns do Minho, Moçamedes, Angola). Aliado o conhecimento técnico do comportamento plástico e expressivo das pastas cerâmicas à sensibilidade escultórica que tão bem caracteriza o tratamento corpóreo e formal dos volumes nas suas telas pintadas, o artista potencia a heterogeneidade da experimentação artística elevando-a à profundidade de uma poética. É do universo imagético e inspirador do acaso modelador do barro e do mistério das inconstâncias lumínicas das matérias vítreas que muitas vezes transporta inspiração para o seu discurso pictórico que, com frequência, se traduz em geométricas complexas no tratamento do breve e do quotidiano.
Colabora ainda, em 1955, com o pintor Lino António e inicia a docência na Escola de Artes Decorativas António Arroio, cujas oficinas, onde introduz a técnica dos esmaltes sobre metal de cerâmica, passa a orientar. Em 1960, ano em que realiza a primeira exposição individual de pintura, gravura e cerâmica, na Gravura – Cooperativa dos Grandes Portugueses, faz a decoraç??o da Loja das Meias (Lisboa), a convite do Arq. Carlos Tojal. Reconhecido, sobretudo, como um dos melhores ceramistas portugueses, destacam-se os seus painéis para espaços públicos nomeadamente o da Reitoria da Universidade de Lisboa.
É da sua autoria o magnífico painel cerâmico que decora o espaço da cafetaria do Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira.
Exposições individuais (selecção)
1960
– Galeria de Arte da Gravura (exposição inaugural)
Exposição colectivas (selecção)
1942
– Lisboa, Instituto de Cultura Italiana
1948
– 12ª Exposição de Arte Moderna. Lisboa, SNI
1949
– Salão de Inverno. Lisboa, SNBA
- Salão da Primavera. Lisboa, SNBA
1950
– Galeria da Livraria Portugália. Porto
1951
– Exposição de homenagem ao pintor António Ayres.
- Porto, Ateneu Comercial do Porto
1952
– Mostra Internacional Bianco e Nero. Lugano
1953
– II Bienal de Arte Moderna de S. Paulo
- I Exposição de Artes Plásticas. Lisboa, caixa Económica Operária
1955
– Exposição Retrospectiva da Pintura Moderna Portuguesa.
- Faculdade de Ciências de Lisboa
1956
– Exposição Artistas de Hoje. Lisboa, SNBA
1957
– I Exposição de Artes Plásticas da FCG. Lisboa, SNBA
1958
– Pavilhão de Portugal na Exposição Internacional de Bruxelas
- Onze Pintores Portugueses. Madrid, Galeria Abril
- Gravadores Portugueses. Gotemburgo
1959
– II Salão de Arte Moderna. Lisboa, Casa da Imprensa 50 artistas independentes. Lisboa, SNBA