- Museu do Neo-Realismo
- Acervo
- Espólios
- Espólios Editoriais
Vértice
A partir de 1945, sob uma nova direção constituída pelo grupo de jovens ligados ao movimento neorrealista Arquimedes da Silva Santos, Carlos de Oliveira, João José Cochofel, Joaquim Namorado e Rui Feijó, tornar-se-á porta-voz privilegiado do movimento neorrealista e palco de resistência à ditadura.
Se a criação da revista não é o resultado de um acto deliberadamente ditado por uma ideologia política, o mesmo não acontece depois da mudança de 1945. […] a “Vértice” afronta os perigos da censura divulgando de maneira subtilmente velada modos de pensamento, e mesmo orientações ideológicas» (Viviane Ramond, A Revista Vértice e o Neo-Realismo Português Angelus Novus, maio de 2008).
Participaram na redação da Vértice as grandes figuras do neorrealismo Alves Redol, Fernando Namora, Carlos de Oliveira, João José Cochofel, Mário Dionísio, Egídio Namorado, Luís de Albuquerque, Fernando Lopes Graça, Luís Francisco Rebello, Armando Bacelar, entre outros.
A Revista foi publicada ininterruptamente entre 1942 e 1986, sendo retomada dois anos depois e prolongando-se até ao presente.
O Museu do Neo-Realismo tem disponível a coleção completa da Revista. O espólio é composto por 46 volumes encadernados (1945-1986) e 111 avulsos (1988 a 2005), assim como por material administrativo, correspondência, zincogravuras, e foi entregue ao Museu em 1992 pelos herdeiros do proprietário da Revista.
O Diabo
No número espécime justifica-se o título escolhido: “No Diabo dos Cristãos o que nos agrada, o que fascina o nosso temperamento moço e rebelde às ideias feitas e mumificadas em séculos de escravidão mental e social é aquele esplêndido e desembaraçado arreganho não conformista que o levou – soberbo Demónio! – à Insurreição contra o parlamento dos anjos… E porque somos inconformistas pretendemos, por isso, ajudar à salvação das almas dentro das nossas possibilidades modestas, mas bem-intencionadas. Satanás que nos perdoe a invocação do seu nome honrado”.
Foi sucessivamente dirigido por Artur Inês, João Antunes de Carvalho (59/62), Ferreira de Castro (63/72), Rodrigues Lapa (73/140), Brás Burity (141/159), Adolfo Barbosa (160/236), Guilherme Morgado (237/274) e Campos Lima (275/326).
Inicialmente apresentou uma grande abertura a todas as correntes estéticas. Na sua última fase, a colaboração de escritores militantes ou simpatizantes do ideário marxista e do neorrealismo - Álvaro Cunhal, Alves Redol, António Ramos de Almeida, Antunes da Silva, Bento de Jesus Caraça, Fernando Namora, João José Cochofel, Joaquim Namorado, Manuel da Fonseca, Mário Dionísio, Soeiro Pereira Gomes - imprimiu ao periódico um carácter particular de oposição ao regime vigente e de afirmação de uma arte social.
Esta crescente politização conduziu ao escrutínio pela censura, com frequentes cortes, que culminou com o seu encerramento em 21 de dezembro de 1940, após a publicação nº326.
O designado Espólio Editorial do Jornal O Diabo, que atualmente representa uma pequena coleção – esperando, ainda assim, vir a ser eventualmente acrescentada por intermédio de legados particulares – foi incorporado em 1992 no Museu do Neo-Realismo por oferta de Fernando Piteira Santos.
Constitui um acervo de originais literários e figurativos, devendo a sua datação ser compreendida entre meados de 1937, com a entrada daquele ensaísta para a redação do jornal, e finais de 1941, altura da sua extinção pela censura.
Cosmos
Editorial Cosmos, Edições Cosmos ou Cosmos surgiu em plena fase de afirmação do regime do Estado Novo, em 1937, pela mão do editor Manuel Rodrigues de Oliveira, um antifascista e humanista apaixonado pelos livros, que a transforma em referência editorial e marco da história da cultura em Portugal do séc. XX.
Em 1940 inicia a colaboração com Bento de Jesus Caraça, que resultará na concretização da ´Biblioteca Cosmos’, coleção de livros com um propósito cultural emancipatório, determinante na divulgação generalizada de conhecimento, em múltiplas áreas. Criada em 1941, em pleno contexto da II Guerra Mundial, a Biblioteca COSMOS teve em vista a construção de uma mentalidade e sociedade livres no período do Estado Novo, fomentando o interesse por um conjunto de temas negligenciados ou recusados pelo regime, investindo na expansão da cultura intelectual e científica entre os cidadãos e dinamizando um conjunto de iniciativas de democratização do saber, na continuidade das universidades livres e populares.
Com a concorrência editorial, sobretudo após o 25 de Abril, a Editora entra em dificuldades financeiras. No início dos anos 90 Manuel Rodrigues de Oliveira abandona a Editora, que será adquirida por Mário Reis, conhecendo um novo projeto editorial.
O espólio da Editora referente ao seu primeiro período foi doado ao Museu do Neo-Realismo em 1997. A riqueza deste espólio (livros, material administrativo e de contabilidade, zincogravuras, prensas, cavaletes tipográficos, armários, tipos e caracteres) constituiu um importantíssimo património para o estudo da realidade editorial portuguesa e da história do livro nos seus múltiplos aspetos, desde a produção até à divulgação junto do público.