- Museu do Neo-Realismo
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- Margarida Losa - Do Romance Realista ao Romance Proletário
“Este movimento [neo-realismo] professava a necessidade do realismo na arte e defendia o empenho nas questões sociais, tendo-lhe sido atribuído denominações diferentes em diferentes países. Tanto Itália como Portugal adoptaram a designação de neo-realismo. Contudo, o Brasil preferiu uma caracterização regional: movimento nordestino. Nos Estados Unidos da América, a classificação como naturalismo alargou-se de forma a abranger vários autores deste período, embora se utilizasse igualmente a designação de romance proletário. O âmbito geral deste estudo é provar de que forma o auto-denominado romance do novo realismo social poderá ser caracterizado mais especificamente por elementos românticos, sobretudo quando os seus protagonistas são operários ou camponeses. A teoria crítica mais recente sobre o romance é analisada na primeira parte com o objetivo de determinar os aspectos pelos quais os romances do novo realismo social se distanciam do cânone realista. A conversão do herói a um novo credo e a sua opção por um caminho para a salvação cheio de perigos são elementos estruturais da intriga. O modo idílico e o modo melodramático emergem como elementos tanto da acção ficcional como da estratégia narrativa. Finalmente, a defesa de uma audácia altruísta em prol da comunidade é introduzida como parte integrante de uma nova moral de solidariedade social. O final aberto deste tipo de romance sugere que, se o leitor for persuadido do valor da causa do herói, ficará na disposição de prosseguir a luta inacabada, pelos seus meios. Um dos maiores desígnios dos autores de romances do novo realismo social parece ter sido o de gerar nos seus leitores um efeito de empenhamento em relação à mudança social. Este estudo defende que o romance neo-realista merece ser avaliado segundo o seu próprio programa romântico e pragmático, mais do que pelo facto de ter conseguido ou não ingressar nas fileiras da chamada grande tradição realista.”