- Museu do Neo-Realismo
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- Eunice Malaquias Voillot - Mário sacramento [1920-1969] Vida e Pensamento, Sementes de Liberdade
“Esta biografia contém três partes. Seguimos o itinerário de Mário Sacramento (1920-1969) nas duas primeiras, sendo a terceira dedicada às suas obras de criação.
A primeira parte apresenta a vida do homem, do médico e do cidadão desde as origens familiares, os estudos, a vida profissional, o empenhamento político e as consequentes perseguições.
A segunda parte aborda os ensaios sobre Eça de Queirós, Fernando Pessoa e Fernando Namora, autores que ele estudou com um olhar crítico de neorrealista. Para tal, inserimos um capítulo que percorre as crenças do crítico literário. Humanista cultivando o diálogo com outros credos alem dos neorrealistas. Mário Sacramento também cultivou o monólogo num diário, testemunho dessa vida amargurada de combates pela liberdade, mas com a esperança que servissem para as gerações futuras. Esse foi também um dos seus anseios que legou numa carta testamento, redigida dois anos antes da morte.
Mário Sacramento lamentava não ter podido dedicar-se à criação por falta de tempo, pois enveredou pelo ensaísmo. E a morte prematura, no umbral da Liberdade, não o deixou profundar uma obra embrionária composta de pequenas peças de teatro, contos e alguns poemas apresentados na terceira parte.
Este ensaísta e crítico literário, servia-se dos seus textos como setas que desfechava aos flancos do regime salazarista. Em Apêndice faz um inventário comentado por temas das suas recensões e artigos que foi publicando em diversos jornais e revistas. A arma da ironia permitiu-lhe sentir-se vivo e, apesar da censura, conservar uma voz livre que o regime não pôde estrangular.
Os Anexos contêm contos, alguns dos quais seguidos de fac-simile e desenhos enviados da prisão aos filhos e mulher e uns poemas inéditos.
A correspondência ativa revela um esposo e pai atormentado, saudoso e preocupado com a família. A correspondência passiva mostra quanto o Humanista era estimado, diremos, querido pelos seus pares. Por isso, a sua morte prematura levantou uma onda de emoção que se depreende das diversas homenagens prestadas.
Finalmente, na bibliografia deixámos, além de obras indicadas na biografia, outras consultadas e que serviram de referência à minha dissertação de Tese de Doutoramento (649 p.) defendida a 14 de Dezembro de 2002 na Sorbonne (Paris) e da qual esta edição é uma adaptação traduzida. Sendo o primeiro trabalho de fôlego sobre Mário Sacramento, e dada a extensão dos ensaios, esta biografia não pôde abarcar um estudo aprofundado dos trabalhos do ensaísta que espera outras pesquisas temáticas.”