- Museu do Neo-Realismo
- Exposições
- ZIP XIRA - Evocação dos 40 Anos
Organização: Ateneu Artístico Vilafranquense e Câmara Municipal de Vila Franca de Xira - Museu do Neo-Realismo
1970. Ano da morte de Salazar. Ano em que a Phillips fabricou o primeiro gravador de vídeo. Em que os Beatles se separaram e lançaram “Let it Be”. Em Moçambique é lançada a Operação Nó Górdio que concorrerá, com tantas outras, para os 9.000 mortos da Guerra Colonial e para os 30.000 feridos graves de que resultarão 14.000 deficientes físicos. Francisco Sá-Carneiro, Miller Guerra, António Pinto Leite, Magalhães Mota e Pinto Balsemão protagonizam a ala liberal da última legislatura do Estado Novo. A esquerda torna-se cada vez mais incómoda. Crescem as pressões de direita sobre a Primavera Marcelista. O regime endurece de novo. 1970, ano de viragem em que a Igreja Católica vê nascer a Teologia da Libertação e Pasolini filma o Decameron.
No final dos anos 60, um precursor dos modernos “Talk Shows”, o “Zip-Zip”, estrelado por Raul Solnado, Fialho Gouveia e Carlos Cruz, consegue reunir todos os portugueses à roda do televisor, ainda a preto e branco. E em Vila Franca de Xira, um grupo de jovens entre os 16 e os 25 anos, com o apoio do Ateneu Artístico Vilafranquense, inspirados pelo Zip-Zip, criam o “Zip-Xira”. Não tínhamos televisão a cores. Nem vídeo, nem DVD, nem computador, nem telemóvel, nem internet. Há quarenta anos, em Janeiro e Março de 1970, concebemos, produzimos e protagonizámos dois espectáculos de humor, de cultura e de arte, em que os sketchs humorísticos se sucediam, separando as entrevistas a algumas das maiores personalidades da época e as actuações de artistas nacionais e locais. Por duas vezes enchemos os cerca de mil lugares do Cine-Teatro. “Zip-Xira”. O regime não permitiu que fizéssemos o terceiro, mas o futuro já tinha ficado mais perto.