- Museu do Neo-Realismo
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- Tapeçarias de Portalegre
Curadoria:Vera Fino
Desde a sua fundação por Guy Fino e Manuel Celestino Peixeiro, em 1946, a Manufactura de Tapeçarias de Portalegre [MTP] estabeleceu como prioridade o desenvolvimento de uma estreita relação com a produção artística do seu tempo, favorecendo desse modo a sua permanente atualização estética. A dinâmica e o prestígio decorrentes desse investimento resultaram na definição de uma marca incontornável que soube apostar na diferenciação do produto, a partir do seu valor artístico e cultural.
Nos primeiros anos de actividade, as Tapeçarias de Portalegre contaram com a colaboração de artistas ligados ao movimento neorrealista português, como Júlio Pomar, Lima de Freitas ou, mais tarde, Rogério Ribeiro. Isso não significa que as Tapeçarias de Portalegre estivessem necessariamente vinculadas ao movimento e ao seu projecto político, mas apenas que estavam sintonizadas com a produção artística mais relevante dessa época, apesar da produção de tapeçarias significar então para os neorrealistas uma hipótese de fecunda comunicação com um público mais vasto, em parte como compensação pela impossibilidade de desenvolver uma pintura mural de apelo transformador. O valor e a escala que as tapeçarias podiam alcançar surgiram assim aos olhos de alguns artistas como uma mais-valia no projecto de disseminação dos valores humanistas.
A exposição apresentada pelo Museu do Neo-Realismo [MNR], em colaboração com a MTP, representou uma das grandes apostas da sua programação cultural de 2010, dando a conhecer alguns trabalhos de tapeçaria que adaptam obras de artistas neorrealistas, mas não só, comprovando a aliança que pode existir entre a arte da tapeçaria e a produção artística dos nossos tempos.
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