- Museu do Neo-Realismo
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- Raízes de uma coleção: Alves Redol e (seus) ilustradores
Curadoria de Luísa Duarte Santos
Interpelar Alves Redol e a sua obra pode ser realizado de vários ângulos e com múltiplas leituras. Este é um olhar pela Arte e pela Ilustração, e da sua dedicação a ambas. É um retrato através dos retratos por quem o conheceu, quem o leu, quem o compreendeu. Retratos de artistas que espelharam nas suas obras, os encontros com o escritor e os seus livros.
Retratos da sua face, da sua figura, da sua atitude e personalidade. E retratos da sua escrita, pois ilustrar também é retratar: retratar as ideias e a narrativa, as personagens e a acção; retratar a leitura do próprio artista, interpretações numa outra linguagem do que se leu.
Retratos de um amigo pelos amigos artistas; e foram muitos: os vila-franquenses Júlio Goes e Antero Ferreira, Manuel Ribeiro de Pavia, Júlio Pomar, Lima de Freitas, Rogério Ribeiro, Maria Keil, Leonor Praça… Por intenção e escolha de Alves Redol, quase toda a sua obra literária foi ilustrada, com desenhos e pinturas. Por vontade dos seus amigos recebeu outras obras, e Alves Redol foi constituindo uma ‘colecção de arte’; ele que não foi, verdadeiramente, um coleccionador de arte. Foi sim, um colector de companheiros, um ‘guardador de amigos e de seus sonhos’.
É pelas Raízes dessa colecção que se faz esta exposição: dos encontros e cumplicidades construídas com ilustradores e artistas, aos momentos de partilha de arte e de vida, à sua valorização da ilustração, ao legado criativo que continuou a suscitar, às histórias de algumas das obras de arte. Raízes da história do Movimento Neo-Realista, cujo primeiro romance Gaibéus, foi publicado há 80 anos.
Esta exposição parte pois da ‘colecção de arte’ de Alves Redol. Herdadas pelo filho, as obras encontram agora no Museu do Neo-Realismo, 50 anos após a morte do escritor, e pela mão da sua Associação Promotora, lugar privilegiado de exibição e abrigo.