- Museu do Neo-Realismo
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- Motivo Imprevisível - Exposição Antológica de Álvaro Perdigão
Curadoria de Cristina Azevedo Tavares e David Santos
A obra plástica de Álvaro Perdigão desenvolveu-se ao longo de grande parte do século passado, desde o final dos anos 20 ao início da década de 90, com particular incidência na prática da pintura a óleo, da aguarela e do desenho, abordando também a gravura, a monotipia, alguma cerâmica e ilustração. Com esta exposição antológica pretende-se dar a conhecer uma parte significativa da sua vasta produção, quer mostrando as obras mais significativas, que se constituem, por diversas razões, como ancoradouros reveladores do essencial da sua proposta estética, assim como outras praticamente desconhecidas, mas onde a sensibilidade do artista – o seu modo peculiar de ser – confirma uma singularidade notória.
O título da mostra, “Motivo Imprevisível”, surge assim como mote conceptual para o encontro com a obra de Álvaro Perdigão, pois os motivos nela interpretados ou os temas desenvolvidos em longas séries, não deixavam nunca de compreender o exercício da imprevisibilidade, quer ao nível do modelo escolhido, quer ainda na dimensão estética ditada pelo jogo pictórico entre figuração e abstração.
Iniciada num contexto tardo-naturalista, esta pintura foi-se atualizando ao enveredar pelo discurso formal modernista, como atesta a sua variada participação em exposições de arte moderna, um pouco por todo o país. Na verdade, o pintor setubalense foi durante toda a sua vida fiel, sobretudo, ao modelo, isto é, à natureza, com as suas paisagens e marinhas; ou à figura humana, retratando familiares e gentes simples nas suas atividades ligadas ao mar e ao cultivo da terra, temáticas afins ao universo do neorrealismo. Mas Álvaro Perdigão cultivou também um outro olhar, descobrindo e explorando motivos inesperados, por vezes, tangenciais à ordem do fantástico. É esta nota que torna a sua obra diferente, fascinante até, e uma descoberta para qualquer um de nós.