- Museu do Neo-Realismo
- Exposições
- Batalha pelas Sombras - Colecção de Fotografia Portuguesa dos Anos 50
Comissariado: Emília Tavares
"Desde a sua fundação que um dos objectivos centrais do Museu do Neo-Realismo assenta na divulgação da cultura neo-realista e do seu tempo histórico. Nesse sentido, a instituição tem procurado desenvolver um conjunto de iniciativas de âmbito museológico que apostam em novas perspectivas de investigação, ajudando desse modo a desmistificar alguns dos clichés erroneamente associados ao movimento.
No contexto de uma programação diversificada e atenta a novos sentidos e leituras sobre a cultura portuguesa de Novecentos, surge agora a oportunidade de apresentar uma exposição que resulta de um extraordinário trabalho de investigação, conduzido por Emília Tavares, em torno da fotografia portuguesa de meados do século XX. “Batalha de Sombras. Colecção de Fotografia Portuguesa dos anos 50 do Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado” é o título de uma mostra que apresenta pela primeira vez ao público parte significativa do acervo de fotografia do Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado (MNAC - MC), dirigido desde os finais do anos 90 por Pedro Lapa. Com efeito, a constituição de um importante núcleo de fotografia numa das maiores instituições museológicas do nosso país resultou, na verdade, do esforço e empenho do seu director, coadjuvado nos últimos anos pela leitura atenta e informada de Emília Tavares, uma das maiores especialistas nacionais neste domínio, e curadora da exposição que agora se apresenta no Museu do Neo-Realismo.
Deste modo, é para nós um enorme privilégio e satisfação poder produzir esta exposição, tendo em conta a sua concepção conjunta, ainda que os conteúdos e a colecção exposta sejam maioritariamente oriundos do MNAC – MC. Esta colaboração só foi possível, no entanto, por duas razões essenciais. Em primeiro lugar, porque entre as duas instituições existe um excelente relacionamento e comunhão ao nível da promoção crítica da arte moderna portuguesa, o que pode resultar, como agora, numa união de esforços no sentido de rentabilizar recursos em prol da valorização do património cultural dos dois museus. Em segundo, porque esta exposição não resulta, como por vezes acontece em instituições fora das grandes cidades, da adaptação de uma exposição já apresentada em outro contexto de maior visibilidade. Pelo contrário, ela nasce de uma coincidência de intenções entre museus, partindo do pressuposto, para nós fundamental, de promover pela primeira vez a exibição do que até aqui não havia ainda chegado ao grande público. Ainda neste sentido, não devemos esquecer que, a propósito da exposição documental “Batalha pelo Conteúdo – movimento neo-realista português”, o MNR desafiou no início de 2007 um conjunto de investigadores a repensar o contexto de afirmação e consolidação da cultura neo-realista em diversos domínios disciplinares, tendo Emília Tavares apresentado então um dos seus primeiros estudos, senão mesmo o primeiro, sobre a relação da disciplina da fotografia com o neo-realismo, envolvendo o cruzamento entre as práticas salonistas e o “novo humanismo” desenvolvido pela cultura oposicionista. É, assim, na sequência desse trabalho iniciado há dois anos, que surge agora a oportunidade de alargar algumas pistas então apresentadas. O interesse matricial do MNR pelos estudos da fotografia portuguesa foi assim ao encontro de uma investigadora e da sua própria instituição, resultando na feliz oportunidade de ser o MNR a mostrar pela primeira vez um acervo tão decisivo sobre a fotografia portuguesa como o que tem vindo a ser constituído, com esforço e dedicação, pelo MNAC – MC.
Estamos certos, por isso, que “Batalha de Sombras” constitui, a todos os níveis, um momento maior na história ainda recente do MNR. Na verdade, a surpreendente qualidade das fotografias agora apresentadas, bem como o magnífico trabalho de investigação desenvolvido desde há muito por Emília Tavares sobre esta matéria, contribuirão inevitavelmente para a dignificação museológica e cultural do Museu do Neo-Realismo."