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Sessão evocativa de Humberto Delgado
Com Iva Delgado.
HUMBERTO DELGADO
Humberto Delgado nasceu a 15 de Maio de 1906 em Boquilobo, Torres Novas. Cedo ingressou na carreira das armas, frequentando o Colégio Militar entre 1917 e 1922 e a Escola do Exército, onde se formou em Artilharia em 1925. Participou no golpe militar de 28 de Maio de 1926 que depôs o regime republicano. Em 1928 optou pela carreira da Aeronáutica obtendo o curso de oficial piloto aviador. Em 1936 conclui o curso de Estado-Maior. Em 1942 foi nomeado representante do Ar para as negociações com a Inglaterra para a cedência de bases nos Açores. Devido à eficiência demonstrada, o governo inglês outorgou-lhe a Ordem do Império Britânico (CBE).
Em 1944 é nomeado Diretor do Secretariado de Aviação Civil. Em 1945 funda os Transportes Aéreos Portugueses (TAP) e cria as primeiras linhas aéreas de ligação com Angola e Moçambique, a chamada "Linha Imperial", inaugurada em 31 de Dezembro de 1946. Entre 1947 e 1950, foi representante de Portugal na Organização Internacional da Aviação Civil, em Montreal, Canadá. Em 1952 é nomeado adido militar na Embaixada de Portugal em Washington e membro do comité dos representantes militares da NATO. Promovido a General com 47 anos é o mais novo oficial daquela patente. Em 1956 o Governo Americano concedeu-lhe o grau de oficial da Legião de Mérito.
Em 1958, acedendo ao convite da oposição democrática, apresentou-se como candidato independente às eleições presidenciais. A vasta movimentação popular que se seguiu permitiu criar pela primeira vez em três décadas de ditadura, uma dinâmica de unidade da oposição contra o regime salazarista. Apesar do mecanismo eleitoral ser manipulado desde o recenseamento, ainda assim o Estado Novo, temendo um enorme desaire eleitoral, decretou a proibição da fiscalização do escrutínio por parte da oposição. Os números oficiais deram quase 25% dos votos a Humberto Delgado, contra 75% do candidato oficial, Américo Tomás, não sendo possível ainda hoje apurar os resultados reais dada a amplitude da fraude.
Após as Eleições de 1958, e impedido de regressar ao cargo de Diretor Geral da Aviação Civil, Humberto Delgado criou o Movimento Nacional Independente (MNI) que visava manter unidas as forças da oposição que pela primeira vez em trinta e dois anos se uniram no combate à ditadura.
Após um processo disciplinar foi demitido do serviço militar ativo com o objetivo duplo de o afastar de contactos com camaradas de armas e de lhe retirar a imunidade contra a intervenção da PIDE. Após uma nota oficiosa que o ameaçava de medidas repressivas e de uma aviso vindo de dentro do regime de que se preparava uma manifestação forjada à frente de sua casa com a intenção de o matar, refugiou-se na Embaixada do Brasil em Lisboa a 12 de Janeiro de 1959.
O Governo português recusou os argumentos invocados por Humberto Delgado de que a sua vida corria perigo. As negociações diplomáticas duraram três longos meses. Até que Humberto Delgado partiu para o Rio de Janeiro após as diligências de uma comitiva brasileira liderada por um jornalista do Diário de Notícias do Rio de Janeiro, cidade onde chegou no dia do Tiradentes, 21 de Abril de 1959.
A PIDE, que já no Brasil fizera uma tentativa de assassinar Humberto Delgado, infiltrou certos círculos da oposição mantendo uma apertada vigilância sobre todos os movimentos do líder da oposição portuguesa no exílio. Uma intensa campanha de descrédito e de isolamento, alimentada pelos serviços secretos, fomentou, gradualmente, ao longo de um período de cinco anos, a criação de uma rede de informadores que conseguiu obter a confiança do General. Foi assim que ele consentiu no encontro de Badajoz em Fevereiro de 1965. Convencido que se ia reunir com oficiais portugueses interessados em derrubar o regime, Humberto Delgado foi de facto ao encontro da morte. Uma brigada da PIDE chefiada pelo inspetor Rosa Casaco atravessou a fronteira utilizando passaportes falsos, a fim de montar a cilada que vitimaria o General e a sua secretária brasileira, Arajaryr Campos.
Em 1990, dezasseis anos após o 25 de Abril de 1974 que restaurou a democracia em Portugal, o General Humberto Delgado foi postumamente elevado a Marechal da Força Aérea e os seus restos mortais trasladados para o Panteão Nacional.
Fonte: www.vidaslusofonas.pt/humberto_delgado.htm