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- Diálogos de Abril - Portugal, Democracia e Liberdade
Entrada livre
No âmbito das Comemorações Municipais dos 50 anos do 25 de Abril de 1974, o Museu do Neo-Realismo organiza a iniciativa Diálogos de Abril – Portugal, Democracia e Liberdade.
Esta iniciativa iniciou no dia 13 de outubro, pelas 21h30, com a participação de Álvaro Beleza e José Pedro Aguiar Branco.
"Em Dezembro de 1989, um grupo de jovens que incluía Álvaro Beleza, então presidente da Associação de Jovens Médicos, José Pedro Aguiar-Branco, na ocasião vice-presidente da Associação de Jovens Advogados, o médico Diogo Cabrita, o presidente dos jovens agricultores José Campelo, o presidente dos jovens empresários Paulo Barros Vale, e o presidente da Associação Académica de Coimbra, José Viegas, entre outros, rumaram a Praga por via aérea para se solidarizarem com as mobilizações populares que conduziriam à queda do regime comunista, durante a “Revolução de Veludo”. Num ato de grande emoção e partilha, esses jovens portugueses ofereceram mais de 50.000 rosas à população de Praga. Tratou-se de um gesto simbólico, mas marcante para todos, sobre o valor da Liberdade política.
Recordemos ainda a importância desta ação para o regime democrático da atual República Checa, pois em 2019, nas celebrações dos 30 anos da "Revolução de Veludo", parte do mesmo grupo (agora menos jovens) regressou a Praga para participar num conjunto de iniciativas que decorreram em diversos locais emblemáticos da capital Checa, desde a inauguração na Galeria Municipal de Praga da exposição de artes plásticas “Cravos e Veludo” à atuação do orfeão de Coimbra na Praça Venceslau, no centro da cidade, numa homenagem ao estudante Jan Palach, que se imolou no mesmo local, em janeiro de 1969, num protesto político contra o fim da Primavera de Praga, na sequência da invasão militar pelas forças do Pacto de Varsóvia.
Num tempo sombrio como o que vivemos atualmente, onde a guerra, o isolamento tecnológico e o radicalismo acrítico acentuam desigualdades que nos entram pela casa dentro, são ainda mais urgentes e necessários gestos de solidariedade social, como este, que apoiam a liberdade e a amizade como ponte pacífica entre povos e nações. O episódio vivido por este grupo de jovens portugueses no estertor da Checoslováquia representa, em si mesmo, um exemplo claro de como os valores de Abril (a Democracia e a Liberdade) constituíam já, em 1989, um património comum de um novo Portugal, mobilizando diferentes gerações, quadrantes políticos e sociais. Hoje, ao iniciarmos um vasto programa de iniciativas municipais que comemoram os 50 anos do 25 de Abril de 1974, queremos sublinhar os valores basilares desta longa temporalidade, a Democracia, a Liberdade e o Pluralismo.
Ao mesmo tempo, estas comemorações pretendem deixar um legado: o de que estes 50 anos só terão significado futuro para outros tantos se soubermos defender e cultivar o bem mais precioso que esse “dia inicial” nos trouxe: a Liberdade."
David Santos, Diretor Científico do Museu do Neo-Realismo