- Museu do Neo-Realismo
- Agenda
- 100 Anos de Seara Nova
mostra no MNR
O Museu do Neo-Realismo assinala o centenário da Revista Seara Nova, com uma mostra, que poderá ser visitada no atrium do Museu.
- «Possam os homens de boas intenções de todas as Pátrias erguer um dia, sobre um mundo que ainda hoje se debate em miseráveis disputas nacionalistas, o arco-de-aliança duma humanidade justa e livre, realizando na paz vitoriosa as conquistas da inteligência e da vontade desinteressada!» *.
No período de maior instabilidade política da primeira República, é fundada por um grupo de intelectuais republicanos de esquerda a revista de doutrina e crítica Seara Nova (15 de outubro de 1921).
Imbuídos de uma missão doutrinal política, cívica e cultural e movidos por valores da ética, da justiça, da liberdade e do progresso os fundadores - Aquilino Ribeiro, Augusto Casimiro, Azeredo Perdigão, Câmara Reys, Faria de Vasconcelos, Ferreira de Macedo, Francisco António Correia, Jaime Cortezão, Raul Brandão e Raul Proença - definiram como prioridades “Renovar a mentalidade da elite portuguesa, tornando-a capaz dum verdadeiro movimento de salvação; Criar uma opinião pública nacional que exija e apoie as reformas necessárias; Defender os interesses supremos da nação, opondo-se ao espírito de rapina das oligarquias dominantes e ao egoísmo dos grupos, classes e partidos; Protestar contra todos os movimentos revolucionários e todavia defender e definir a grande causa da verdadeira Revolução; Contribuir para formar, acima das Pátrias, a união de todas as Pátrias – uma consciência internacional bastante forte para não permitir novas lutas fratricidas»*.
A revista virá a constituir-se num dos baluartes da oposição no combate ao regime salazarista e marcelista, tendo um papel importante em diferentes momentos da luta democrática, designadamente nas eleições de Humberto Delgado, nos Congressos da Oposição Democrática de Aveiro ou nas campanhas eleitorais da Comissão Democrática Eleitoral. Sofreu a mão pesada da censura e alguns dos seus colaboradores de maior destaque foram presos pela PIDE e forçados ao exílio.
Em maio de 1974 saiu um número especial celebrativo da Revolução do 25 de Abril, com uma foto do 1º de Maio na capa e a inscrição do lema ´O Povo Unido Jamais Será Vencido´ e que reproduzia integralmente o programa do MFA – Movimento das Forças Armadas, publicando-se nos números seguintes artigos sobre a história da ditadura.
Após um período de redefinição, em 1985 inicia-se a segunda série da Revista, que continua hoje a sustentar os princípios fundamentais que inspiraram a sua criação, e que ficou conhecido por ‘espírito seareiro’, mantendo atenção às grandes questões políticas e culturais nacionais e internacionais.
Ao longo destes 100 anos passaram pela Seara Nova alguns dos principais intelectuais portugueses de variadas áreas do saber e do conhecimento, pelo que se constitui num testemunho fundamental do percurso da intelectualidade portuguesa de esquerda do século XX.