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- Mário Braga
- Coimbra, 1921 – Lisboa, 2016
O escritor Mário Braga nasceu em Coimbra a 14 de julho de 1921.
Licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas pela Universidade de Coimbra, é autor de uma obra expressa em diversos géneros, mas é ainda hoje sobretudo reconhecido como contista de mérito assinalável.
Intelectual progressista, assinou as listas do MUD e participou em todas as campanhas da oposição. Integrou, desde muito jovem, o grupo neorrealista de Coimbra e foi durante largos anos editor e colaborador regular da revista Vértice, assegurando inclusive a sobrevivência desse periódico essencial para o movimento.
Estreou-se como escritor em 1944 com o livro de contos Nevoeiro, integrado na Coleção Novos Prosadores, onde revela já as preocupações sociais que viriam a caracterizar a sua obra e que apura nos livros de contos seguintes, Caminhos Sem Sol e Serranos (ambos de 1948). Nos anos 50 publicou Quatro Reis (1957) e Histórias da Vila (1958). Atingiu a maturidade literária no final dos anos 50, inícios de 60, ganhando então com o livro de contos O Livro das Sombras (1960) o Prémio Ricardo Malheiros da Academia das Ciências de Lisboa. Escreveu dois romances: Antes do Diluvio (1967) e O Reino Circular (1969), uma alegoria ao Portugal de Salazar.
A tradução foi também uma faceta importante em Mário Braga. Nos anos 60 passou para a língua de Camões autores maiores da cultura europeia como como Molière, Racine, Beaumarchais, Guy de Maupassant, Cervantes, Tchekov, Gorki, entre muitos outros.
Entre 1971 e 1994 deu à estampa apenas mais duas obras de ficção, mas escreveu dezenas de crónicas no Diário Popular, que depois reuniu em volume. Publicou neste período muitos textos de conteúdo político, dos quais se destaca o livro Entre Duas Tiranias (1977). Nos anos noventa voltou a publicar textos de ficção, dos quais resultam duas novas obras, Contos de Natal (1995) e Espólio Intacto (1996).
“Ao longo do seu percurso literário foi apurando uma forma de escrever simples, direta e incisiva, que introduziu alguma novidade na tradição do conto rústico português. O ruralismo da Beira Interior converte-se rapidamente no ambiente privilegiado da primeira fase da sua carreira, dando aos seus textos, no entanto, uma expressão de universalidade comum a outros escritores neorrealistas. Já na fase de maturidade, não só a cidade surge mais amiúde, como dedica mais atenção à designada “análise dialética do eu”, sem abandonar, porém, as preocupações de carácter social. A crónica e o texto político preenchem a sua última fase de produção literária, menos dedicada, por isso, à “prática da ficção.”*
Faleceu em Lisboa a 1 de outubro de 2016.
O espólio de Mário Braga é um dos mais significativos do conjunto das coleções do acervo do Museu do Neo-Realismo, assumindo um inestimável valor documental e patrimonial para a história do movimento neorrealista. Foi entregue em 1989 e 2008 e a formalização da doação ocorreu em 2016.
Em 2008 o Museu do Neo-Realismo organizou uma exposição sobre o escritor, intitulada Mário Braga, um escritor no reino circular, com curadoria de David Santos e António Mota Redol.
*David Santos, in Catálogo da exposição Mário Braga, um escritor no reino circular, Museu do Neo-Realismo, 2008, p. 9.
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Mário Braga no Instituto Maternal de Coimbra, 1949
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'Mariana' por Mário Braga, Fomento de Publicações, 1948
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Mário Braga com Ferreira de Castro e o proprietário da Parceria A.M. Pereira, no lançamento da 2ª edição de 'Histórias de ...
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'O Dilúvio' por Mário Braga, 1966, original dactiloescrito, com emendas manuscritas e ilustração de capa pelo autor
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Mário Braga, Maria Fernanda e Fernando Manoel numa fotografia tirada em setembro de 1929
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Mário Braga em Coimbra junto ao Rio Mondego, 1974-1975
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Mário Braga junto ao mar, anos 80
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'O neo-realismo não é uma corrente literária' - afirma Mário Braga. In Jornal de Letras e Artes, nº 13 (27 dez. 1961)
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Mário Braga de capa e batina, Coimbra, cerca de 1940
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'Nevoeiro' por Mário Braga, Coleção Novos Prosadores, Coimbra Editora, 1944
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Mário Braga, anos 60
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Mário Braga na redação da Vértice, anos 50