- Museu do Neo-Realismo
- Acervo
- Coleção
- Rui Filipe
- Moçambique, 1928 – Lisboa, 1997
Rui Filipe nasceu na Beira, Moçambique, a 3 de junho de 1928.
Foi na terra natal que despertou para as artes, por influência de Xavier, artista local que trabalhava na casa da sua família, e onde iniciou os estudos artísticos com Frederico Ayres, na disciplina de pintura.
Em 1946 vem para Portugal, onde estuda com Domingos Rebelo, em Lisboa, e com Dórdio Gomes, no Porto. De 1948 a 1951, em Madrid, é discípulo de Daniel Vázquez Díaz, experiência que marca a sua pintura numa apreensão profunda e forte da paisagem. Viajou pela Europa entre 1948 e 1959, onde frequentou a Academie de La Grande Cheaumiére em Paris (1952-1953) e o curso de Escultura na Slade School of Fine Arts em Londres (1958-1959), tendo como mestre Reginald Butler e como colega João Cutileiro.
Participou na Exposição Universal e Internacional de Bruxelas de 1958, tendo sido premiado com medalha de bronze pela obra Casas de Albufeira. Entre 1962 e 1982 trabalhou no departamento gráfico de algumas agências de publicidade de Lisboa, atividade que concilia com a sua produção artística. A partir de 1982 dedicou-se exclusivamente à pintura.
Participou em diversas exposições individuais e coletivas em Moçambique, em Portugal, Madrid e Bruxelas, tendo recebido vários prémios. Em 1960 foi distinguido com o Prémio Silva Porto e em 1993 com o prémio Paisagem da Sociedade Nacional de Belas-Artes.
A sua pintura intimista, densa e forte, modulada, tem intrínsecas ligações à escultura, área disciplinar das belas-artes a que também se dedicou em período mais breve, e uma relação com a cultura visual neorrealista.
Faleceu a 8 de maio de 1997, em Lisboa.
O Museu do Neo-Realismo organizou em 2020 a Exposição Rui Filipe: em busca do absoluto, que esteve patente entre fevereiro e outubro e teve curadoria de Paula Loura Batista. A exposição partiu de um conjunto de obras pictóricas e estudos inéditos que se encontram em depósito no Museu do Neo-Realismo, associados ao vasto espólio artístico, predominantemente documental, sobre a vida e percurso de Rui Filipe e cuja doação ao Museu do Neo-Realismo foi concretizada pelos herdeiros do artista em 2019.O projeto expositivo centrou-se na relevante obra que o artista produziu e que se inscreve no contexto de uma cultura visual neorrealista, à qual acresce uma profunda preocupação humanista, que perpassa ao longo de toda a sua produção artística, resgatando no tempo o percurso de mais de 50 anos de criação artística nas diversas geografias que o pintor percorreu. Foram também integradas obras de outras coleções privadas e institucionais, nomeadamente do Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado e do Museu Calouste Gulbenkian.
Fontes
Catálogo da exposição Rui Filipe: Em busca do absoluto, Museu do Neo-Realismo, 2020.